A RPPN situa-se no domínio fitogeográfico do cerrado, que é o maior domínio de paisagem do Estado de Minas Gerais. Neste domínio podemos encontrar o cerrado stricto sensu, que é o bioma dominante, mesclado de suas variações cerradão e campestres, cobrindo os morros e os chapadões entrecortados por matas de galerias ou ciliares e veredas pontilhadas de buriti.
O cerrado stricto sensu distingue-se do cerradão pela perda da estrutura silvestre, característica marcante do segundo. No cerrado, as árvores são mais espaçadas, de menor porte que no cerradão, além de mais retorcidas. No ambiente do cerrado propriamente dito a vegetação baixa torna-se ricamente dotada de gramíneas e subarbustos campestres. Os campestres (campo cerrado, sujo e limpo) são formações ainda menos dotadas de estrutura silvestre que o cerrado. A dominância nestes ambientes é da vegetação baixa, de arboretas retorcidas e espaçadas, nos campos cerrados, de gramíneas com poucas árvores e arboretas no campo sujo. O campo limpo é o domínio dos planaltos, cobertos por vegetação rasteira, sem árvore de porte, aparecendo raramente arboretas espaçadas entre si. Espécies como o pequizeiro (Cariocar brasiliensis), o pau doce (Vochysia tucanorum), o angelim (Andira sp.), o pau terra de folha larga (Qualea grandiflora) e o pau terrinha (Qualea parviflora) atingem altas densidades nas áreas de cerrado.
Acompanhando os cursos d’água, observam-se as matas de galeria, cuja extensão e largura, variam com o tamanho dos cursos. Nestas matas pode-se observar árvores de porte elevado como a sucupira (Bowndichia sp.), o jatobá (Hymenaea sp.), e o araticum (Annona crassiflora), dentre outras. A vegetação ripária diferencia-se da vegetação do cerrado não só pela composição de espécies (destaque para a presença de trepadeiras e epífetas nas matas de galeria). Com frequência, nas baixadas entre morros, geralmente cercadas pelo cerrado, formam-se as veredas, caracterizadas pela presença do buriti (Mauritia flexuosa), pela buritirana (Mauritia aculeata) e das pindaíbas (Xylopia emarginata). As veredas em geral acompanham as nascentes ou cursos d’água, colaborando para a manutenção da umidade em seus ambientes.
As veredas, como zonas de recarga, apresentam grande importância social, além do imenso valor ecológico e hidrológico, já que promovem a perenidade e a regularidade dos recursos hídricos, pois se localizam próximas às nascentes. Sua flora é bastante sensível à antropização e as alterações podem colocar em risco a riqueza e a diversidade vegetal, assim como, a manutenção do regime hídrico, já que interfere no sistema água-solo-planta, levando a um déficit na reposição dos aqüíferos, rebaixamento no nível freático e redução da vazão.
A fitofisionomia das veredas pode ser considerada como um “complexo vegetacional” e, sua riqueza florística ocorre aliada ao gradiente ambiental que influencia as espécies. Essa comunidade hidrófila é formada por dois estratos, um arbustivo-arbóreo, com predominância da espécie buriti, e o outro herbáceo-graminoso, que perfaz uma faixa no entorno das veredas. Pequenas mudanças em número de indivíduos causam efeitos mínimos à comunidade, mas espécies que tem sua densidade muito reduzida apresentam grandes danos em sua estrutura, influenciando na dinâmica natural das florestas. Assim, os processos sucessionais nessas áreas podem ser lentos, já que são decorrentes dos diferentes níveis de perturbação e seguem padrões e mecanismos distintos, inerentes à cada comunidade.
De acordo com levantamentos realizados na vereda do Buriti Grosso pela UNIMONTES, esta vereda foi a que apresentou maior percentual de espécies exclusivas (40%) em relação a outras veredas estudadas, isto ocorre por ser uma vereda perturbada e que está naturalmente recebendo, por dispersão, plantas da matriz que a contorna podendo dar origem a comunidades completamente diferentes das originais. Das espécies exclusivas desta vereda, apenas Annona crassiflora, Erythroxylum suberosum e Neea theifera, são descritas como ocorrentes em veredas, enquanto Kielmeyera speciosa, Buchenavia tomentosa, Copaifera cearensis var. arenicola, Aegiphila lhotskiana, Ouratea hexasperma e Talisia esculenta são descritas para outras fisionomias, como cerrado stricto sensu, mata ciliar e de galeria, mata semidecídua e floresta ombrófila densa. Devido a estas constatações nos levantamentos realizados, trabalhos de recuperação da flora foram iniciados em 2014 para promover o repovoamento.
As espécies amostradas na vereda do Buriti Grosso pertencem a 19 famílias e 21 gêneros, sendo os mais ricos Copaifera, Erytroxylum, Miconia e Psidium, cada um com duas espécies (Tabela 01).
A diversidade faunística do Cerrado é mundialmente reconhecida, sendo esse domínio considerado área prioritária para a conservação da vida no planeta (hotspot) pela World Wildlife Fundation – WWF. Atualmente foram identificados neste bioma 161 espécies de mamíferos, (sendo 3,4% delas, endêmicas); 837 de aves; 120 de répteis; 150 de anfíbios. Outros autores registraram para o bioma, no que se refere a invertebrados, 1.550 insetos, dos quais 1.000 são lepidópteros e 550 entre abelhas e vespas.
Os mamíferos foram registrados por visualização, vocalização, rastro e por entrevistas. A presença de predadores do topo da cadeia alimentar e por ter um território de uso que ultrapassa as fronteiras de diversas propriedades, a presença de espécies da ordem carnívora mostra o bom estado de conservação em que se encontram as áreas onde está localizada a RPPN tornando imperativo a sua transformação em área protegida. Os mamíferos geralmente registrados na área de cerrado e região da RPPN estão listados na Tabela 02.
A avifauna da região aonde se insere a RPPN foi caracterizada em diversos levantamentos, sendo que nos buritizais encontram-se ninhos de pisitacíformes, os quais se alimentam dos cocos e utilizam os troncos ocos e, eventualmente, cupinzeiros arbóreos abandonados, como local de nidificação.
A grande disponibilidade de artrópodes e outros invertebrados na região fazem com que falconiformes, cuculiformes, espécies passariformes insectívoras, bem como picideos, sejam grupos bastante representados. A umidade e grande disponibilidade de bagas e sementes do cerrado atraem os tinamiformes que ocupam a área de várzea, os buritizais e as áreas mais densas de vegetação arbórea e arbustiva. Os alagadiços (que por vezes formam pequenas lagoas) atraem pequenas garças (Egretta tula, ciconiforme).
A vegetação arbustiva e arbórea abriga vários galliformes, além do tucanoaçu (Ramphastos toco) e passiformes frugívoros que se alimentam de seus frutos. As aves frequentemente avistadas na região da RPPN estão listadas na Tabela 03.
Dentre os ofídeos registrados, destacam-se a jararaca (Bothrops sp.), que ocupa área de vegetação mais densa, a cascavel (Crotalus sp.) e a sucuri (Eunectes murinus), espécie semi-aquática que se alimenta em geral de pequenos mamíferos e aves, dentre outros. Dentre as demais espécies destaca-se o jacaré (Paleosuchus sp.) ocupando as pequenas lagoas, bem como a iguana (Iguana iguana) que habita as grandes árvores do cerrado. Os reptéis registrados na área da RPPN e áreas próximas estão listados na Tabela 04.
A RPPN situa-se no domínio fitogeográfico do cerrado, que é o maior domínio de paisagem do Estado de Minas Gerais.
A diversidade faunística do Cerrado é considerada área prioritária para conservação da vida no planeta pelo World Wildlife fundation – WWF.
Avifauna rica e diversificada abrangendo espécies pisitacíformes, falconiformes, tinamiformes, galliformes entre outros.